AIDS: é preciso prevenir e conscientizar!

Símbolo da luta contra AIDSAtualmente, dados do Ministério da Saúde estimam que 866 mil pessoas vivem com o HIV – retrovírus sexualmente transmissível causador da AIDS, uma doença que afeta a saúde por atacar o sistema imunológico, responsável por defender o corpo de outros males.

Quando os sintomas começam a aparecer após o primeiro contato, geralmente podem ser confundidos com uma gripe – o que não desperta a atenção em muitos casos. Após essa fase, o HIV pode ficar assintomático por anos – até que o organismo começa a ficar vulnerável e os linfócitos T CD4+ (glóbulos brancos do sistema imunológico) começam a diminuir. Nesse momento, é possível ter quadros de febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento sem explicação.

Com o organismo enfraquecido, outras doenças então ganham espaço – são as chamadas doenças oportunistas. Esse é o estágio mais avançado do quadro, conhecido de fato como AIDS.

O teste de HIV pode ser feito com regularidade ou sempre que o indivíduo passar por uma situação de risco. Para isso, há dois tipos de exames: o laboratorial e o teste rápido (que fica pronto em até 30 minutos e só necessita de uma gota de sangue do paciente).

Quando uma pessoa é diagnosticada com o vírus HIV, é importantíssimo seguir o tratamento para evitar que a condição evolua para a AIDS. Hoje em dia, com os avanços na medicina, é possível baixar a carga viral para níveis indetectáveis em exames – o que torna a condição intransmissível para outras pessoas.

Para entender melhor como ocorre o desenvolvimento da doença e derrubar alguns mitos sobre o assunto, confira a entrevista com a Infectologista Adriana Abou Said.

Todas as pessoas que vivem com o vírus HIV têm AIDS?

Não. Quem possui o vírus do HIV, na sua grande maioria, tem quadros assintomáticos. A AIDS é a evolução do quadro, com o aparecimento de doenças oportunistas ou sintomas que são comuns a esse estágio da doença.

Em quais situações pode ocorrer o contágio?

A principal forma de contágio é pelo sexo desprotegido ou contato com secreções com o vírus do HIV – como sêmen, leite materno, sangue, compartilhamento de seringas e materiais perfurocortantes.

Quanto às estratégias de prevenção, o que são e quais as diferenças entre PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), PEP (profilaxia pós exposição) e o uso de preservativos?

A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) refere-se a uma combinação contínua de duas medicações com o objetivo de prevenir o contágio pelo vírus HIV. A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) consiste no consumo de três remédios por 28 dias, e é indicada para casos em que houve um contato sexual desprotegido ou com materiais possivelmente portadores do retrovírus – como perfurocortantes. Já o uso de preservativos vai além do HIV e protege para outras infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis, HPV e gonorreia.

Durante relações sexuais, o vírus só é transmitido caso haja penetração?

Se a pessoa tiver uma ferida ou quebra de barreira e tiver contato com o vírus (como descrito acima), poderá ser contaminada com o vírus HIV. Nesses casos, o sexo oral também pode ser uma fonte de contaminação.

Quem convive com o HIV possui menor expectativa de vida mesmo quando é feito o tratamento?

Varia de caso a caso. Na atualidade, os medicamentos antirretrovirais causam bem menos efeitos colaterais e são muito mais eficazes quando comparados com as primeiras drogas lançadas na década de 1990. Mas se quem possui o HIV não realizar o tratamento adequado, sem detectar as cargas virais, haverá a progressão da doença para AIDS, facilitando comorbidades que podem chegar ao óbito.

Como funciona o tratamento para quem vive com o vírus HIV?

O Brasil realiza a distribuição da medicação gratuitamente pelo SUS. Na atualidade, o processo principal inclui o uso de três medicações ativas contra o vírus do HIV, sendo necessário o uso diário, contínuo e sem pausas. Após se adaptar à medicação e seguindo corretamente o tratamento, o paciente evolui para a carga viral indetectável – e, nesse momento, o procedimento fica estabilizado e segue sem precisar de alterações periódicas.

Com o tratamento correto, é possível que a taxa do vírus seja indetectável em exames. Nesse caso, é verdade que a doença se torna sexualmente intransmissível?

O estudo PARTNER, que foi multicêntrico, concluiu que caso haja cargas virais indetectáveis por mais de 12 meses, a chance de contaminação do parceiro é praticamente nula. Inclusive, órgãos importantes como OMS, CDC-EUA, Ministério da Saúde e sociedades de medicina já usam a expressão U=U (não detectável = não transmissível).

De tempos em tempos, são divulgados alguns estudos que mostram avanços na cura da AIDS. Poderia falar um pouco sobre o assunto – e o que dificulta encontrar a cura definitiva para essa doença?

O vírus do HIV se “esconde” em locais onde a medicação não consegue agir – principalmente dentro do Linfócito T CD4+ e em santuários (ou reservatórios). Há várias pesquisas para encontrar a cura definitiva – como, por exemplo, a vacina para bloquear a entrada do vírus nos Linfócitos T CD4+ e medicações para a “expulsar” do HIV dos santuários. O maior problema, por enquanto, é a eficácia dessas drogas para alcançar resultados satisfatórios no maior número de pessoas possível.

E lembre-se: o quanto antes for descoberta a sorologia positiva para HIV, menores são as chances do retrovírus evoluir para um quadro de AIDS. Por isso é importante fazer o teste com regularidade ou sempre que passar por uma situação de risco – e, caso o diagnóstico aponte a presença do vírus, iniciar o tratamento com acompanhamento médico constante. Dessa forma, com os cuidados corretos, é possível ter uma vida saudável e normal.